Que a loja se tornou, mais do que um ponto de venda, um ponto de encontro, é indiscutível. Mas, no cenário, cada vez mais competitivo do varejo, contar com soluções tecnológicas que facilitem as operações no PDV e melhorem a experiência do consumidor, não só otimizam as vendas como melhoram a análise de dados que influenciam esses indicadores.
Formas de aperfeiçoar a gestão digital de lojas com foco no médio e pequeno varejo foi o tema de painel apresentado por Alex Marques,
diretor da Data System (especializada em softwares de gestão para o varejo de calçados e vestuário) na recente 46ª edição da Couromoda.
Colocar em prática essas soluções ajudam a tomar decisões que influenciam diretamente o dia a dia do negócio. “Pequenos e médios
varejistas conseguem mudar de direção de forma muito rápida. Mas é preciso ter foco no benefício que elas trazem”, afirma Marques.
Mas se o varejo virou ponto de encontro, antes da tecnologia é preciso ficar atento a algumas questões básicas que afetam esse novo momento. Entre os exemplos estão “produtos” e “pessoas”: não basta mais ter um mix bem selecionado: é preciso aliá-lo à experiência. Inclusive para evitar conflito de gerações, como no caso dos millenials (nascidos entre a década de 1980 até o início dos anos 2000).
“Mais do que comprar, eles querem a jornada em torno da compra”, diz Marques. “E como há estudos que apontam que daqui a quatro anos eles serão 70% da força de trabalho no mundo, é melhor agradá-los, pois são eles que terão o dinheiro no bolso”, avisa.
Outro é a concorrência: se há 20 anos o varejo era visualmente parecido e a concorrência era local e regional, tudo mudou. Os shoppings passaram a oferecer algo além das vendas -como entretenimento, por exemplo. Depois, surgiram as lojas conceito, de diferentes marcas estilos. E por último, o importante e-commerce.
“Hoje, não é porque uma loja vende moto e a outra vende celulares que elas não concorrem: todo mundo está disputando a renda do consumidor”, diz o Marques, ao lembrar que até os grandes magazines retomaram o conceito de crediário, “só para comprometer essa renda com eles o maior tempo possível.”
Por isso a tecnologia na gestão da loja é fundamental para impulsionar cada modelo de negócio, segundo Marques. Mas é preciso ter clareza: afinal, ainda há lojistas – em especial os pequenos – que não sabem qual a ferramenta tecnológica ideal para dar esse impulso.
“Não importa a tecnologia que sua loja irá utilizar, o que importa é o benefício que ela trará depois”, afirma o executivo da empresa de Limeira (SP). A seguir, Marques aponta os três caminhos a seguir para ter uma boa gestão digital no varejo:
Mobilidade
Uma pesquisa da FGV de abril de 2018 apontava que havia mais 220 milhões de smartphones ativos no Brasil – ou seja, “há mais celular do que gente”, como enfatiza Alex Marques, da Data System. Então, porque não colocar um aplicativo da sua loja na mão do cliente, de modo a interagir e manter um relacionamento mais próximo?
Porque há pesquisas que apontam que, de 60 a 80 aplicativos em média, que o consumidor têm no smartphone, ele utiliza apenas 10. “Eles até baixam o aplicativo, mas pelo menos 48% deles não veem necessidade de tê-lo.”
No caso da mobilidade, a estratégia que traz benefícios seria um app para o vendedor, por exemplo, para consultar metas semanais, tíquete médio ou ranking de vendas. “É usar a mobilidade para trazer informação em tempo real e melhorar a conversão”, afirma.
Análise de dados
Se hoje estamos na era da informação, não ter acesso a ela é um risco. Inclusive nos negócios, onde o excesso de dados mal administrados pode atrapalhar a tomada de decisões, afirma Marques. Contar com um sistema de análise de dados, que interligue indicadores de
vendas a como os produtos rodam na loja, por exemplo, com a captura de informações sobre comportamento do consumidor, é essencial nessa deliberação. “É a forma mais fácil de identificar oportunidades e riscos de acordo com o dinamismo do negócio”, completa.
Loja virtual
No primeiro semestre de 2018, o e-commerce brasileiro faturou R$ 23,6 bilhões, segundo a Ebit – uma alta de 12% ante igual período de 2017. Mesmo com 4,5% de participação nas vendas do varejo, e ainda longe dos mercados americano e chinês -de 10% e 20%, respectivamente -, não dá para ignorar esse canal de vendas.
“Ele só não avança mais por aqui por conta das dificuldades logísticas e fiscais”, afirma Marques. Porém, mais do que ter uma loja virtual bem estruturada para faturar no e-commerce, é preciso estar presente no ambiente digital.
Ou seja, é buscar informação e relacionamento nas redes sociais de forma profissional, além de investir em treinamento e diferenciação entre o ambiente físico e o digital para estruturar sua base de clientes online. “Quem gasta dinheiro para abrir uma loja virtual, mas não dá a devida atenção para esse consumidor, vai ter problemas. Inclusive de imagem”, alerta.
Fonte: Diário do Comércio