As empresas e marcas que conseguirem responder a essa pergunta terão grande vantagem sobre as demais no futuro. Mas, se a falta de uma bola de cristal impede que se saiba com certeza, é certo que olhar para onde esse consumidor está indo hoje é no mínimo um importante passo à frente.
Estrategista sênior da TrendWatching em Nova York, Lisa Feierstein tem informações privilegiadas sobre para onde os consumidores estão olhando e, principalmente: o que atende aos seus desejos. Não só em termos de consumo, mas de plena satisfação.
Para ela, a chave está em entender que os sentimentos não são totalmente novos, mas inédita é a velocidade com que eles mudam. “Vemos canudinhos sendo banidos, realidade virtual e influenciadores surgindo, mudanças em todas esferas da sociedade que atendem a desejos diversos. Você pode se sentir desbalanceado, meio perdido, mas o fato é que terminamos todos os dias com as mesmas necessidades humanas”, opina.
Diante dessa “avalanche de expectativas “que identifica na TrendWatching, Lisa separou em cinco principais sentimentos as tendências de futuro, e mostrou exemplos de marcas e inovações que têm conseguido capitalizar sobre eles com sucesso. Confira:
Auto-aperfeiçoamento na era dos ratos de laboratório
Não que em alguma outra época as pessoas não ligassem para o benefício próprio – mas hoje esse é um desejo constante, com a procura pelo bem-estar físico e emocional.
A boa notícia, aponta a especialista, é que hoje a tecnologia dá conta desse desejo, nos dando uma inifinidade de dados pra supri-lo da melhor forma. E fazem da gente verdadeiros “ratos de laboratório”, cobaias de experiências que as marcas vêm fazendo para trazer essa satisfação.
Lisa citou as experiências que considera mais bem-sucedidas: o aplicativo Timeshifter, que resolve rapidamente o problema do jetlag, é um deles, ajudando quem viaja a trabalho a se sentir melhor em meio às várias atividades. “Ele propõe várias atividades nas primeiras horas após a viagem, evitando que se perca dias com o relógio biológico desregulado”, explica a analista.
Outro produto é o CBD, sigla do Canabidiol, substância extraída da maconha que vem sendo usado por hotéis em barrinhas e doces para dar aos visitantes quando chegam ao destino. Com a tendência de legalização da maconha, diz Lisa Feierstein, isso só deve crescer, e não necessariamente pelo apelo da erva. “Sem o THC, ninguém fica ‘doidão’. É apenas para um leve relaxamento após a viagem”, diz.
Pontos de venda mágicos
O modo de comprar mudou significativamente. Muitos vão às lojas, é claro, mas compras pela internet, e sobretudo pelos smartphones, crescem a passos largos. E ter a tecnologia nesse processo significa várias novas oportunidades de impressionar o consumidor.
A realidade aumentada é uma dessas inovações que vem revolucionando o processo de compra, diz Lisa. “Projetar algo virtual no mundo real evita grande parte das dores de cabeça que envolvem consumidores insatisfeitos com o que compram.”
A Ikea, por exemplo, mostra como ficaria na sua sala o sofá que você deseja. O app Inkhunter faz isso com as tatuagens: você vê pela tela do celular como ela vai ficar, e decide se faz ou não. Tudo isso em tempo real.
Escapismo: fantasia no mundo real
Às vezes, queremos só escapar um pouco da realidade, certo? Seja assistindo a uma série, jogando videogame, lendo romances. Mas mesmo esse escapismo pode ser feito em várias escalas. E marcas e produtos vêm conseguindo ligar essa fantasia com o mundo real criando experiências ainda mais fascinantes.
“O Fortnite é uma revolução em ligar o mundo real ao virtual”, exemplifica a especialista da TrendWatch, citando o jogo que movimenta campeonatos, memes e danças no mundo inteiro.
O Louvre, em outro exemplo dado por ela, encontrou uma forma de relacionar seu enorme portfólio cultural ao mundo dos artistas pop, criando um tour virtual baseado no clipe recém-lançado por Beyonce e Jay-Z.
Relevância e espaço sentiente
Sentiência é a “consciência do sentir”. E saber que estamos recebendo atenção constante pode assustar alguns, mas é o desejo de muitos: ser relevante para outros, e para as marcas também, claro.
Lisa cita o reconhecimento facial como grande expoente da tecnologia baseado nessa premissa. Reconhecendo as emoções do consumidor, se sabe quando está agradando e quando não, e trabalhar com essas informações faz as pessoas sentirem-se privilegiadas, diz a especialista.
Ela cita o exemplo de Marriott e Alibaba, que fizeram uma parceria para usar o reconhecimento facial o check-in dos hotéis da rede, e são usadas pela varejista digital para ofertas personalizadas. No Brasil, a Via Varejo já usa o reconhecimento de expressões em câmeras nas suas lojas para fazer algo semelhante.
“Tendo o consentimento das pessoas, usar essas expressões só irá deixa-las mais contentes. E, apesar das questões envolvendo a privacidade, sabemos que 73% dos consumidores dizem não receber nenhuma oferta personalizada de varejistas. E muitos gostariam disso”, garante Lisa.
Castelos de areia de status
Na era dos influenciadores, crianças querem ser famosas desde cedo. E poucas irão conseguir, mas por que não investir em tecnologias que deem esse gostinho a alguém, nem que seja por um momento? “Assim como castelos de areia, que são construídos com todo o cuidado e, mesmo que uma onda o desfaça, aquele momento já valeu a pena”, comenta.
Isso pode ser explorado de diferentes formas. Lisa Feierstein cita o HQ Trivia, um jogo virtual que dá prêmios diários em competições de quis que chegam a reunir 2 milhões de participantes. “Os prêmios são pequenos, coisa de 100 dólares, mas quem ganha acaba se tornando reconhecido naquela comunidade, e é isso que o deixa contente”, explica a especialista.
Grandes marcas e artistas, que são a personificação desse status, também estão acordando para esse desejo, segundo ela. O exemplo do cantor Luan Santana, que lançou um aplicativo próprio para seus fãs, que interagem entre si e com o próprio cantor no ambiente virtual, foi citado por Lisa. “As pessoas querem ter prestígio. Não importa se não serão os mais famosos do mundo, mas impressionar suas conexões mais próximas já as ajuda muito e inspira o consumo”, diz.
Fonte: Portal Newtrade