Uma das coisas que constantemente verifico que ainda não foi bem trabalhada pelo mercado está na questão de quando se percebe que um concorrente de alguma maneira está realizando uma visita em seu território, ou seja, sua loja.
Seja talvez por uma nova loja, uma nova tecnologia, ou somente uma pesquisa informal de “como é que estão indo as coisas no quintal do vizinho”, para verificação de popularidade ou preços, eu acredito que os tempos de “inimigos” já deveriam ter sido revistos há tempos.
Primeiro, porque costumo a dizer que a gente não deve ter medo de ser copiado, principalmente quando temos uma novidade já lançada. Se é a verdade que muita gente prefere o concorrente testar algo e quebrar a cara primeiro, mais gente quebrando a cara junto com você só ajuda a criar mais opiniões, possibilidades e massa crítica para novas tecnologias ou novas soluções, ou até mesmo simplesmente barateá-las.
Segundo, pois costumo a contar nesse caso com minha teoria do “chef de cozinha”, similar aos programas de concursos culinários em alta na TV: Emparelhe 10 chefes de cozinha, um ao lado do outro, todos de frente para fogões todos da mesma marca, assim como suas frigideiras.
Distribua um ovo para cada um, podendo até mesmo ter sido “originado” da mesma galinha, e “voilá”: Teremos 10 ovos fritos totalmente diferentes. Ou seja, não importa as mesmas ferramentas, cada um colhe um resultado diferente.
Nessas horas expertise e bagagem contam mais do que o método de “copiar e colar” temido pelos varejistas.
Terceiro, se sua preocupação ainda é com o preço ou a promoção que está realizando, acredito que depois de algo que criaram chamado Internet, seu vizinho é o menor dos seus problemas. Talvez teu vizinho do outro lado do mundo, que nem te conhece, te ofereça mais perigo!
É óbvio que a única questão que se faça jus a uma preocupação seria em relação “ao que ainda não está na loja”, como campanhas, coleções de moda, promoções que ainda vão entrar no ar, entre outros. Mas tudo o que está na loja, já é, por assim dizer, público, e por isso, não deveria haver receio em receber seu concorrente. Até porque de uma maneira ou outra, cá entre nós, ele vai te visitar do mesmo jeito, assim como você também não deixa nunca de visitá-lo, correto?
Devemos ter em mente que unidos, até mesmo concorrentes, tem mais a ganhar do que perder. Já há no Brasil pequenos grupos e associações que vem unindo concorrentes em prol de alguns ideais, que vão desde a discussão de melhores valores de aluguéis, até mesmo aspirações políticas, onde buscam que o varejo ao menos possa ter um papel político cada vez mais destacado devido sua importância na composição do PIB e emprego, entre outros fatores.
* Caio Camargo é palestrante, autor do livro “Arroz, Feijão & Varejo”, e sócio-diretor da GS&UP (Grupo GS& Gouvea de Souza).
Fonte: Portal Falando de Varejo